segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Exposição Vik.


O agora belíssimo museu Inimá de Paula sedia até o dia 2 de novembro uma exposição com obras do artista paulista Vik Muniz. Em seu acervo, o artista traz imagens criadas com materiais mais que inusitados. São utilizados desde arames, linhas, sucata, poeira, brinquedos e tinta, até alimentos não perecíveis como o chocolate, caviar, massa de tomate entre outros. A escolha para utilização dos materiais é extremamente minuciosa e na maioria das vezes está intimamente relacionada ao significado da imagem. Aparecendo em alguns casos com um forte elo social, como é o caso da obra “O depois” constituída de inteiramente de lixo. Ou em outras situações, possuindo apenas um significado subjetivo para o autor. Evidenciando uma característica que aparece em muitos de seus trabalhos: representar o grande através do pequeno.
O objetivo de Vik Muniz era a criação de imagens que permitissem ao observador múltiplas interpretações e o artista consegue alcançar seu objetivo com perfeição. Por mais que todas as suas obras sejam criadas com materias considerados sem valor agregado pela arte, conseguem transmitir ao espectador a mensagem visual e psicológica que portam.

Ao final da visita, fica a mensagem para quebrar um paradigma do mundo das produções criativas:

"O cérebro não colhe idéias no canteiro do ócio. É sobretudo pela interação material, pelo trabalho, pelo esforço e, em última instância pelo fracasso, que nós nutrimos nosso banco de idéias."
VIK MUNIZ.

Performance "Batendo Ponto"



BATE PONTO, PONTO BATE, BATE PONTO, PONTO BATE.




A concepção da performance "Batendo Ponto" surgiu através de uma das relíquias da Escola de Arquitetura, que fica num canto esquecido do edifício, e passa quase que despercebida por todos os estudantes e frequentadores do prédio: o relógio de ponto. Por um longo tempo, esse local foi passagem obrigatória de todos os funcionários da escola. E por esse motivo, é carregado de uma subjetividade sentimental, ou seja, cada indivíduo que passa por aquele lugar carrega consigo emoções próprias e únicas, provenientes de suas experiências de vida.

A idéia original partiu exatamente desse ponto: todos os dias as pessoas que chegam ali no início ou no término de sua jornada de trabalho, passando pelo local para cumprir a sua obrigação de “bater ponto”, se encontram em um estado de espírito diferente. Estado de espírito este, que é claramente caracterizado pela expressão facial de cada um. Alegria, tristeza, preguiça, pressa, desânimo, enfim, frente à máquina é possível se verificar uma verdadeira multiplicidade de faces. Sendo assim, planejávamos nos organizar em fila e ao “clec” do cartão sendo marcado encenaríamos uma dessas faces características que pelo menos 1 vez por dia se deparam com o equipamento em questão.

Formado por 6 integrantes o grupo aprimorou e incrementou a idéia original dando como resultado a performance nos vídeos que serão postados em breve. Não me cabe a função de explicar com detalhes a mensagem que esperávamos passar. Até porque ao contrário do que pensávamos anteriormente, o recado foi dado e captado com sucesso. Mas fato é que a performance desencadeia uma série de reflexões interessantes...


  • Será que o abandono dos relógios bate-ponto analógicos e a ascensão dos digitais acarretou também uma melhoria nas condições de vida das pessoas que precisam passar por esse ritual todos os dias?

  • Até quando somos capazes circular por essa fila sem se encurvar diante da rotina?

  • Quando o som emitido por essa máquina e que caracteriza a mecanização dessa ação deixa de ser notado e passa a ser como o som de um tambor que ressoa apenas em nossas consciências?

Às vezes não paramos para pensar nos inúmeros significados que possuem as ações que praticamos corriqueiramente. Se parássemos, talvez não as praticássemos com tanta freqüência assim.